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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Iluminação nos Postos de Trabalho


Os olhos, órgãos que nos concedem o sentido da visão, desempenham um papel fulcral no controlo das atividades e movimentos realizados pelo Homem. Assim, uma iluminação adequada é uma condição indispensável para a obtenção e manutenção de um bom ambiente laboral. Desta forma, da não verificação das condições ideais de iluminação resultam consequências, nomeadamente:
  •          Danos visuais;
  •          Tensões psicológicas ou físicas;
  •          Mau relacionamento pessoal e hierárquico;
  •          Menor produtividade;
  •          Maior risco de acidentes de trabalho.   


Como tal, a iluminação no local de trabalho deve ser considerada como um risco que, consoante as características dos locais e as circunstâncias, pode ser muito perigoso. Assim, a iluminação é um dos fatores que um Técnico de Higiene e Segurança no Trabalho pretende controlar, de modo a proporcionar ao trabalhador um bom ambiente laboral, que não coloque em risco a sua saúde, segurança e produtividade. Para tal, é necessário proporcionar conforto visual ao trabalhador, que pode ser definido como a existência de um conjunto de condições, num determinado ambiente, no qual o ser humano pode desenvolver as suas tarefas visuais com o máximo de acuidade e precisão visual.
A melhor iluminação é sem dúvida a proporcionada pela luz natural. Contudo, nem sempre é possível garantir o seu uso exclusivo, pelo que é necessário complementá-la com luz artificial que garanta condições idênticas de segurança e saúde, tal como é referido no Artigo 14º do Decreto-Lei nº243/86 de 20 de Agosto.  

A má iluminação provoca reflexos nos planos de trabalho, prejudicando o desempenho das tarefas e originando mal-estar físico, nomeadamente, cefaleias, sonolência, prejudica o sistema nervoso, concorre para a má qualidade do trabalho, e como referi anteriormente, é responsável por razoável parcela dos acidentes.
Quando se fala de iluminação, no que respeita a Higiene e Segurança no Trabalho, não nos estamos a referir à iluminação em geral, mas à quantidade de luz no ponto focal do plano de trabalho.
Os padrões de iluminação são estabelecidos de acordo com o tipo de tarefa visual que o trabalhador deve executar: quanto maior a concentração visual em detalhes e minúcias, tanto mais necessária a luminosidade no ponto focal de trabalho, devendo possuir os seguintes requisitos:
·         Ser suficiente: de forma a que cada foco luminoso forneça a quantidade de luz necessária a cada tipo de trabalho.(A partir de um determinado valor do nível de iluminação – valor ótimo -, deixa de ser vantajoso o aumento da iluminação, pois a mesma passa a ser excessiva e provoca efeitos adversos no trabalhador).
·         Manter-se constante e uniformemente distribuída: de modo a evitar a fadiga ocular, decorrente das sucessivas acomodações em virtude das variações da intensidade da luz.

A qualidade da iluminação artificial dependerá, então, de diversos aspetos, fundamentalmente:
  •          Da sua adequação ao tipo de atividade prevista;
  •         Da limitação do encandeamento;
  •          Da distribuição conveniente das lâmpadas;
  •          Da harmonização da cor da luz com as cores predominantes do local.


Parâmetros da Iluminação

Fluxo luminoso ou Potência luminosa – É a quantidade total de luz emitida por uma fonte luminosa numa unidade de tempo (t), em todas as direções, medida logo à saída da fonte. A unidade de medida é o lúmen (lm). O fluxo luminoso é um dado habitualmente fornecido pelos fabricantes das lâmpadas e aparelhos de iluminação.

Iluminância ou Nível de iluminação – É a medida do fluxo emitido numa determinada direção por unidade de superfície. É medida por um aparelho designado luxímetro, constituído por uma célula fotoeléctrica, sendo a unidade de medida o lux (lx). Este é o conceito que os Técnicos de Higiene e Segurança no Trabalho utilizam para adequarem o nível de iluminação com a atividade realizada num determinado espaço, permitindo determinar a concentração de fluxo luminoso pelo plano de trabalho onde o trabalhador realiza as tarefas. O seu valor depende da potência luminosa da fonte de iluminação, mas também da distância a que se encontra do plano de trabalho e do ângulo que faz com o mesmo.

Luminância ou  Brilho de uma superfície – É a medida do fluxo emitido, transferido ou refletido pela superfície e objetos onde incide, atingindo os olhos do trabalhador. A unidade de medida é candela/m2 e mede-se com o luminancímentro.

Iluminação adequada - Iluminância

O nível de iluminação ou iluminância, conceito já referido anteriormente, deve variar de acordo com a atividade desenvolvida, ou seja, para cada tarefa realizada num posto de trabalho, existe um nível de iluminação mais apropriado, definido em função do tipo de tarefa e do seu grau de exigência visual. Isto é, o nível de iluminação deve ser proporcional ao nível de esforço visual exigido ao trabalhador para a execução da tarefa.
Neste contexto, torna-se também importante referir que a nossa acuidade visual altera-se ao longo da vida, tornando-se cada vez mais diminuta, principalmente a partir dos 40 anos.
Os valores de referência utilizados para definirmos o nível de iluminação adequado a cada atividade constam de normas internacionais, nomeadamente a Norma DIN 5035-2:1990 e a Norma ISO 8995:2002. Nos seguintes quadros podemos encontrar alguns exemplos:

Quadro I – Iluminâncias recomendadas de acordo com o esforço visual exigido pela tarefa (FONTE: Miguel, A. S., 2007).

Quadro II – Iluminâncias e exemplos de atividades a que se aplicam (FONTE: Norma DIN 5035-2:1990).

Quadro III – Iluminâncias e atividades a que se aplicam (FONTE: Norma DIN 5035-2:1990).

Quadro IV – Finalidade do espaço e iluminâncias correspondentes (FONTE: Norma DIN 5035-2:1990).


A não verificação dos valores recomendados, tanto abaixo como acima destes, dará origem à recomendação por parte dos Técnicos de Higiene e Segurança no Trabalho de medidas corretivas, que mais à frente serão referenciadas.

Contrastes e Encandeamento – Disposição da luz

Para além do nível de iluminação adequado, para o desempenho correto das tarefas é também necessário obter um contraste adequado proporcionado pelo tipo de iluminação, devendo este permitir a distinção dos objetos, mas garantir o conforto visual. Se o contraste for demasiadamente acentuado, devido a uma distribuição pouco uniforme da luminosidade no campo de visão, pode originar encandeamento. Assim, de forma a eliminar o encandeamento e proporcionar um contraste aceitável, devem ser evitados: tampos de mesa refletores, paredes brancas com pavimentos escuros, tábuas pretas em paredes brancas, elementos de máquinas polidos. Também as janelas devem estar providas de persianas ajustáveis ou cortinas translúcidas de forma a evitar um contraste excessivo quando existe sol intenso. Para além de todos estes fatores, uma correta distribuição das fontes de luz artificial no interior das instalações de trabalho é fundamental para a prevenção do encandeamento.
Assim, a distribuição das luminárias deve ser da seguinte forma:


Figura 1 – O ângulo entre a horizontal e a linha que vai do olho à lâmpada deve ser superior a 30º. A reflexão de duas lâmpadas, colocadas lateralmente, não atinge o campo de visão, evitando o encandeamento. A luz não incide no tampo da mesa, não sendo refletida para os olhos do trabalhador.

Luminárias, Lâmpadas e sua Manutenção

As luminárias são dispositivos que têm como funções distribuir, filtrar ou transformar a luz proveniente das lâmpadas, e incluem os componentes necessários para fixar e proteger estas e para as ligar à fonte de energia.
Estas podem ser classificadas de diferentes formas, consoante a forma como distribuem a luz pelo espaço:
  • Diretas – O fluxo luminoso incide sobre o plano de trabalho, de forma a produzir a menor dispersão possível, permitindo o máximo aproveitamento da energia consumida. No entanto, este tipo de luminária origina zonas muito iluminadas e zonas de sombra nas suas imediações, podendo provocar encandeamento.
  • Indiretas – Proporcionam uma iluminação agradável sem encandeamento, sendo esta obtida pela reflexão total da luz nas paredes e no teto. Deste modo, é necessária uma boa conservação e manutenção da pintura com cores claras.
  • Semi-diretas, difusas e semi-indiretas - Estas não proporcionam a iluminação total do espaço, encontrando-se um combinação da luz emitida pelas lâmpadas com a luz que é refletida pelas paredes, teto e/ou equipamentos.


Também as lâmpadas podem ser de vários tipos, nomeadamente:
  • Lâmpadas de incandescência – Apresentam um rendimento luminoso baixo e uma vida útil relativamente curta, mas a sua instalação e manutenção é fácil e são pouco onerosas.
  • Lâmpadas fluorescentes – Apresentam um rendimento luminoso e uma vida útil maiores que os das anteriores. Contudo, isto é condicionado pelo número de arranques.
  • Outros tipos – Existem também lâmpadas de vapor de mercúrio (de alta pressão) e de vapor de sódio (de alta e baixa pressão), sendo também o seu rendimento superior ao das lâmpadas incandescentes. Atualmente, existem as lâmpadas de halogéneo, que mantém o fluxo luminoso praticamente constante ao longo da sua vida útil. No entanto, estas emitem uma energia bastante superior à das outras lâmpadas, podendo provocar danos nos olhos e na pele, devido à radiação ultravioleta que emitem, sendo por isso desaconselhado utilizar este tipo de lâmpadas em luminárias diretas, salvo se estas possuírem uma proteção adequada.


As luminárias e as lâmpadas devem ser alvo de manutenção cuidada e periódica, cuidadosamente planeada, tanto por razões de ordem técnica como económica.
O primeiro procedimento a ter é a limpeza das luminárias, de forma a que o rendimento das lâmpadas não seja afetado pela acumulação de sujidade, bem como verificar o estado de conservação das paredes e tetos. Os custos destas manutenções são compensados pela qualidade da iluminação, evitando os problemas que a sua deficiência pode provocar aos trabalhadores.
As lâmpadas fluorescentes devem ser substituídas, em grupo, pois compota menores custos e beneficia conservação da instalação, ao atingirem 60 a 75% da sua vida útil, uma vez que a sua fiabilidade decresce rapidamente a partir desta altura.
Esta manutenção deve ser efetuada por pessoas especializadas e fora do horário normal de serviço.

Fontes:
MIGUEL, A. S. (2010). Manual de Higiene e Segurança do Trabalho. Porto: Porto Editora. 11ª edição. Consultado em 26 de Maio de 2012
VEIGA, R. (2009). Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho. Veriag-Dashofer. Consultado em 26 de Maio de 2012
4Work – Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho. (2010). Iluminação no Local de Trabalho. Consultado em 26 de Maio de 2012. Disponível em http://www.4work.pt/cms/index.php?id=98&no_cache=1&tx_ttnews%5Btt_news%5D=75&tx_ttnews%5BbackPid%5D=100&cHash=832981e441
Legislação Nacional e Normas Internacionais anteriormente referidas
Documentos internos da empresa New Med

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