Depois de um longo período de ausência na
atualização do meu blogue, devido ao grande volume de trabalho na empresa e aos
dias de grande alegria que foram o Baile de Finalistas e a Benção das Pastas, e
todos os preparativos que envolveram, entre outras coisas menos boas na minha
vida que têm acontecido, estou de volta para conseguir dar-vos toda a
informação que tem vindo a ser deixada um pouco “de lado” e que é essencial
para entenderem o meu percurso pelo mundo da segurança e higiene no trabalho.
A preocupação do homem em relação ao seu
bem-estar e conforto é diretamente proporcional à evolução da humanidade, ou
seja, quanto mais evoluídas as sociedades, mais as pessoas se tornam exigentes
em relação ao seu conforto. Assim, existem algumas restrições que são
essenciais para a manutenção deste bem-estar no que diz respeito às condições
ambientais:
- A temperatura e
a humidade dos locais de trabalho devem, portanto, ser adequadas ao
organismo humano, tendo em consideração os métodos de trabalho e os condicionalismos
físicos impostos aos trabalhadores;
- As janelas, as claraboias
e as paredes envidraçadas não devem permitir uma excessiva exposição ao
sol, tendo em conta o tipo de trabalho e a natureza do local de trabalho;
- Sempre que
necessário, devem ser colocados resguardos para proteger os trabalhadores
contra radiações intensas de calor, provocadas por tubagens, radiadores,
sistemas de aquecimento ou quaisquer outras formas nocivas de calor.
“A zona de conforto representa aquele ponto no
qual a pessoa necessita de consumir a menor quantidade de energia para se
adaptar ao ambiente circunstante”. (Olygay, 1973)
O ambiente
térmico pode ser definido como o conjunto das variáveis térmicas do
ambiente em que o individuo se encontra que influenciam o seu organismo, sendo
assim um fator importante que intervém, de forma direta ou indireta, na saúde e
bem-estar do mesmo, e no caso dos trabalhadores, na realização das tarefas que
lhe estão atribuídas.
Assim, o conforto térmico pode ser definido
pela sensação que reflete o estado de espírito em que o individuo expressa
satisfação e bem-estar em relação ao ambiente térmico, que depende sobretudo de
três fatores que envolvem o indivíduo: temperatura,
humidade e velocidade do ar. No entanto, existem outros parâmetros que influenciam
o equilíbrio da temperatura corpórea, nomeadamente a temperatura à superfície
dos elementos no local envolvente, e outros que dependem do próprio individuo,
o seu metabolismo, a temperatura da pela e a roupa que usa. A temperatura do ar
afeta a perda de calor por parte do corpo humano por convecção e evaporação. A
humidade relativa corresponde à proporção de água que o ar contém, perante a
temperatura e pressão presentes, e o volume máximo de humidade que poderia
conter. Existindo um grau de evaporação superior ou inferior, este interfere
com a perda de calor corporal. Exceto em situações extremas, a influência da
humidade relativa sobre a sensação de conforto térmico é diminuta.
Este bem-estar trata-se do equilíbrio entre o
calor produzido pelo corpo com o calor que perde para o ambiente que o envolve.
O homem é um animal homeotérmico, de sangue
quente que, para sobreviver, necessita de manter a temperatura interna do corpo
dentro de limites muito estreitos, a uma temperatura constante de 37ºC, obrigando
a uma procura constante de equilíbrio térmico entre o interior e o meio
envolvente, podendo um desvio em relação a este valor dar origem à morte. Esta
homeotermia é assegurada sempre que o fluxo de calor produzido pelo organismo
for igual ao fluxo de calor cedido ao ambiente. O calor gerado no organismo tem
de ser cedido, em cada instante, ao ambiente, de modo a que a temperatura se
mantenha constante.
É exatamente à perceção psicológica desse equilíbrio
que se pode chamar de conforto térmico, que é definido pela Norma ISO 7730 como
um estado de espírito que expressa satisfação com o ambiente que envolve uma
pessoa, ou seja, nem quente nem frio, um ambiente neutro.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde,
a temperatura dos locais de trabalho devem, na medida do possível, oscilar
entre 18ºC e 22ºC, salvo em determinadas condições climatéricas, em que poderá
atingir os 25ºC. Relativamente à humidade da atmosfera de trabalho, esta deve
oscilar entre 50 e 70%.
Em todos os clientes, é necessário fazer um
levantamento das condições de conforto térmico existentes nas instalações, pois
este é um dos principais fatores que influenciam o conforto dos trabalhadores
no seu posto de trabalho. Para tal, é utilizado um aparelho que tem acoplada
uma sonda, o Anemómetro.
O Anemómetro
utilizado na New Med é da marca TSI
Velocicalc Multi-Function Ventilation Meter 9555. Este é um equipamento
portátil multifunções, de medição da qualidade do ar interior e das condições
de ambiente térmico. O equipamento foi projetado para funcionar com uma ampla
gama de sondas que permitem fazer várias medições apenas conectando ao aparelho
uma sonda diferente, cada uma com características e funções mais adequadas para
determinada aplicação. Com as sondas opcionais, as medições incluem velocidade
do ar, temperatura, humidade, pressão Monóxido de Carbono (CO) e Dióxido de
Carbono (CO2). Os cálculos incluem fluxo de ar, fluxo e calor,
turbulência, globo húmido e temperatura de ponto de orvalho.
Na empresa, usamos este equipamento com a
sonda que permite medir a velocidade do ar, a temperatura e a humidade relativa,
fazendo habitualmente um levantamento dos dois últimos parâmetros de forma a
podermos comparar os valores recolhidos com os valores paramétricos
aconselhados e anteriormente referidos.
Se estes estiverem fora dos intervalos
referidos, devem ser propostas medidas corretivas, de modo a garantir o
conforto térmico e a produtividade dos trabalhadores, como por exemplo uma
correta ventilação dos espaços, recorrendo a ventilação natural sempre que se
verifiquem valores de temperatura acima do limite, ou a equipamentos de
climatização para controlo da temperatura e da humidade. No entanto, em todos os locais onde fiz estas medições nunca se verificaram valores fora dos limites recomendados.
Em certos casos, dependendo da atividade, é
necessária uma avaliação mais detalhada do ambiente térmico do local de trabalho,
que não tive a oportunidade de realizar durante o estágio, exatamente pelo motivo que referi anteriormente e tamém porque este é um serviço mais dispendioso que a maioria das empresas não adquire.
Figura
1 – Anemómetro
digital VelociCalc com sonda de
medição de velocidade, temperatura e humidade do ar.
Desde o início do meu estágio na New Med que
trabalhei com este equipamento, no entanto, numa das primeiras auditorias,
mesmo seguindo todos os procedimentos de manuseamento correto do aparelho, a
proteção que envolve a sonda saiu e, com um leve toque com o dedo, quebrei a
frágil sonda. A partir desta altura, não pude realizar mais estas medições
devido à falta do equipamento.
Quando me apercebi do que tinha acontecido
fiquei muito preocupada, visto que este é um equipamento relativamente oneroso,
no entanto, recebi todo o apoio dos membros da empresa e da escola, e percebi
que estes acidentes podem acontecer mesmo tomando todas as precauções para os
evitar. Mas, só se aprende manuseando os equipamentos, pelo que é um risco
necessário.
Fontes:
DRYVIT.
(2007). Conforto Térmico. Consultado
em 20 de Maio de 2012. Disponível em http://www.dryvit.pt/confortotermico.htm
EHS
Portugal. Ambiente Térmico; Conforto
Térmico. Consultado em 20 de Maio de 2012. Disponível em http://www.ehsportugal.com/temas.php?cat=1&scat=71
OLIGAY.
(1973). Conforto Térmico – O que
significa e qual a sua importância. Consultado em 20 de Maio de 2012.
Disponível em http://www.jrrio.com.br/construcao-sustentavel/pb-conforto-termico.html
TSI. VELOCICALC
Multi-Function Ventilation Meter 9555 – Product Details. Consultado
em 20 de Maio de 2012. Disponível em http://www.tsi.com/velocicalc-multi-function-ventilation-meter-9555/
VIEGAS, J. C. Ventilação natural em edifícios de habitação. Laboratório Nacional
de Engenharia Civil. Consultado em 7 de Junho de 2011. Disponível em
Sem comentários:
Enviar um comentário