Os olhos, órgãos que nos concedem o sentido
da visão, desempenham um papel
fulcral no controlo das atividades e movimentos realizados pelo Homem. Assim,
uma iluminação adequada é uma
condição indispensável para a obtenção e manutenção de um bom ambiente laboral.
Desta forma, da não verificação das condições ideais de iluminação resultam
consequências, nomeadamente:
- Danos visuais;
- Tensões psicológicas ou físicas;
- Mau relacionamento pessoal e hierárquico;
- Menor produtividade;
- Maior risco de acidentes de trabalho.
Como tal, a iluminação no local de trabalho
deve ser considerada como um risco que, consoante as características dos locais
e as circunstâncias, pode ser muito perigoso. Assim, a iluminação é um dos
fatores que um Técnico de Higiene e Segurança no Trabalho pretende controlar,
de modo a proporcionar ao trabalhador um bom ambiente laboral, que não coloque
em risco a sua saúde, segurança e produtividade. Para tal, é necessário
proporcionar conforto visual ao trabalhador, que pode ser definido como a
existência de um conjunto de condições, num determinado ambiente, no qual o ser
humano pode desenvolver as suas tarefas visuais com o máximo de acuidade e
precisão visual.
A melhor iluminação é sem dúvida a
proporcionada pela luz natural. Contudo, nem sempre é possível garantir o seu
uso exclusivo, pelo que é necessário complementá-la com luz artificial que
garanta condições idênticas de segurança e saúde, tal como é referido no Artigo
14º do Decreto-Lei nº243/86 de 20 de Agosto.
A má iluminação provoca reflexos nos planos
de trabalho, prejudicando o desempenho das tarefas e originando mal-estar físico,
nomeadamente, cefaleias, sonolência, prejudica o sistema nervoso, concorre para
a má qualidade do trabalho, e como referi anteriormente, é responsável por
razoável parcela dos acidentes.
Quando se fala de iluminação, no que respeita
a Higiene e Segurança no Trabalho, não nos estamos a referir à iluminação em
geral, mas à quantidade de luz no ponto focal do plano de trabalho.
Os padrões de iluminação são estabelecidos de
acordo com o tipo de tarefa visual que o trabalhador deve executar: quanto
maior a concentração visual em detalhes e minúcias, tanto mais necessária a
luminosidade no ponto focal de trabalho, devendo possuir os seguintes
requisitos:
·
Ser suficiente: de
forma a que cada foco luminoso forneça a quantidade de luz necessária a cada
tipo de trabalho.(A partir de um determinado valor do nível de iluminação –
valor ótimo -, deixa de ser vantajoso o aumento da iluminação, pois a mesma
passa a ser excessiva e provoca efeitos adversos no trabalhador).
·
Manter-se constante e uniformemente
distribuída: de modo a evitar a fadiga ocular, decorrente
das sucessivas acomodações em virtude das variações da intensidade da luz.
A qualidade da iluminação artificial
dependerá, então, de diversos aspetos, fundamentalmente:
- Da sua adequação ao tipo de atividade
prevista;
- Da limitação do encandeamento;
- Da distribuição conveniente das lâmpadas;
- Da harmonização da cor da luz com as cores
predominantes do local.
Parâmetros da Iluminação
Fluxo luminoso ou Potência luminosa – É
a quantidade total de luz emitida por uma fonte luminosa numa unidade de tempo
(t), em todas as direções, medida logo à saída da fonte. A unidade de medida é
o lúmen (lm). O fluxo luminoso é um dado habitualmente fornecido pelos
fabricantes das lâmpadas e aparelhos de iluminação.
Iluminância ou Nível de iluminação – É
a medida do fluxo emitido numa determinada direção por unidade de superfície. É
medida por um aparelho designado luxímetro,
constituído por uma célula fotoeléctrica, sendo a unidade de medida o lux (lx). Este é o conceito que os
Técnicos de Higiene e Segurança no Trabalho utilizam para adequarem o nível de iluminação
com a atividade realizada num determinado espaço, permitindo determinar a
concentração de fluxo luminoso pelo plano de trabalho onde o trabalhador
realiza as tarefas. O seu valor depende da potência luminosa da fonte de
iluminação, mas também da distância a que se encontra do plano de trabalho e do
ângulo que faz com o mesmo.
Luminância ou Brilho de uma superfície – É
a medida do fluxo emitido, transferido ou refletido pela superfície e objetos
onde incide, atingindo os olhos do trabalhador. A unidade de medida é candela/m2
e mede-se com o luminancímentro.
Iluminação adequada - Iluminância
O nível de iluminação ou iluminância, conceito
já referido anteriormente, deve variar de acordo com a atividade desenvolvida,
ou seja, para cada tarefa realizada num posto de trabalho, existe um nível de
iluminação mais apropriado, definido em função do tipo de tarefa e do seu grau
de exigência visual. Isto é, o nível de iluminação deve ser proporcional ao
nível de esforço visual exigido ao trabalhador para a execução da tarefa.
Neste contexto, torna-se também importante
referir que a nossa acuidade visual altera-se ao longo da vida, tornando-se
cada vez mais diminuta, principalmente a partir dos 40 anos.
Os valores de referência utilizados para definirmos
o nível de iluminação adequado a cada atividade constam de normas internacionais,
nomeadamente a Norma DIN 5035-2:1990
e a Norma ISO 8995:2002. Nos
seguintes quadros podemos encontrar alguns exemplos:
Quadro
I – Iluminâncias
recomendadas de acordo com o esforço visual exigido pela tarefa (FONTE: Miguel,
A. S., 2007).
Quadro
II – Iluminâncias e exemplos de atividades a que se aplicam
(FONTE: Norma DIN 5035-2:1990).
Quadro
III – Iluminâncias e atividades a que se aplicam (FONTE: Norma
DIN 5035-2:1990).
Quadro
IV – Finalidade do espaço e iluminâncias correspondentes
(FONTE: Norma DIN 5035-2:1990).
A não verificação dos valores recomendados, tanto
abaixo como acima destes, dará origem à recomendação por parte dos Técnicos de
Higiene e Segurança no Trabalho de medidas corretivas, que mais à frente serão
referenciadas.
Contrastes e Encandeamento – Disposição da luz
Para além do nível de iluminação adequado, para o desempenho
correto das tarefas é também necessário obter um contraste adequado
proporcionado pelo tipo de iluminação, devendo este permitir a distinção dos
objetos, mas garantir o conforto visual. Se o contraste for demasiadamente
acentuado, devido a uma distribuição pouco uniforme da luminosidade no campo de
visão, pode originar encandeamento. Assim, de forma a eliminar o encandeamento
e proporcionar um contraste aceitável, devem ser evitados: tampos de mesa
refletores, paredes brancas com pavimentos escuros, tábuas pretas em paredes
brancas, elementos de máquinas polidos. Também as janelas devem estar providas
de persianas ajustáveis ou cortinas translúcidas de forma a evitar um contraste
excessivo quando existe sol intenso. Para além de todos estes fatores, uma
correta distribuição das fontes de luz artificial no interior das instalações
de trabalho é fundamental para a prevenção do encandeamento.
Assim, a distribuição das luminárias deve ser da
seguinte forma:
Figura 1 – O ângulo
entre a horizontal e a linha que vai do olho à lâmpada deve ser superior a 30º.
A reflexão de duas lâmpadas, colocadas lateralmente, não atinge o campo de
visão, evitando o encandeamento. A luz não incide no tampo da mesa, não sendo
refletida para os olhos do trabalhador.
Luminárias, Lâmpadas e sua Manutenção
As luminárias são dispositivos que têm como funções
distribuir, filtrar ou transformar a luz proveniente das lâmpadas, e incluem os
componentes necessários para fixar e proteger estas e para as ligar à fonte de
energia.
Estas podem ser classificadas de diferentes formas,
consoante a forma como distribuem a luz pelo espaço:
- Diretas – O fluxo luminoso incide sobre o plano de trabalho,
de forma a produzir a menor dispersão possível, permitindo o máximo
aproveitamento da energia consumida. No entanto, este tipo de luminária origina
zonas muito iluminadas e zonas de sombra nas suas imediações, podendo provocar
encandeamento.
- Indiretas – Proporcionam uma iluminação agradável sem
encandeamento, sendo esta obtida pela reflexão total da luz nas paredes e no
teto. Deste modo, é necessária uma boa conservação e manutenção da pintura com
cores claras.
- Semi-diretas, difusas e semi-indiretas - Estas não
proporcionam a iluminação total do espaço, encontrando-se um combinação da luz
emitida pelas lâmpadas com a luz que é refletida pelas paredes, teto e/ou
equipamentos.
Também as lâmpadas podem ser de vários tipos, nomeadamente:
- Lâmpadas de incandescência –
Apresentam um rendimento luminoso baixo e uma vida útil relativamente curta,
mas a sua instalação e manutenção é fácil e são pouco onerosas.
- Lâmpadas fluorescentes – Apresentam
um rendimento luminoso e uma vida útil maiores que os das anteriores. Contudo,
isto é condicionado pelo número de arranques.
- Outros tipos – Existem também lâmpadas de vapor de mercúrio (de
alta pressão) e de vapor de sódio (de alta e baixa pressão), sendo também o seu
rendimento superior ao das lâmpadas incandescentes. Atualmente, existem as
lâmpadas de halogéneo, que mantém o fluxo luminoso praticamente constante ao
longo da sua vida útil. No entanto, estas emitem uma energia bastante superior
à das outras lâmpadas, podendo provocar danos nos olhos e na pele, devido à
radiação ultravioleta que emitem, sendo por isso desaconselhado utilizar este
tipo de lâmpadas em luminárias diretas, salvo se estas possuírem uma proteção
adequada.
As luminárias e as lâmpadas devem ser alvo de manutenção cuidada e periódica, cuidadosamente
planeada, tanto por razões de ordem técnica como económica.
O primeiro procedimento a ter é a limpeza das
luminárias, de forma a que o rendimento das lâmpadas não seja afetado pela acumulação
de sujidade, bem como verificar o estado de conservação das paredes e tetos. Os
custos destas manutenções são compensados pela qualidade da iluminação,
evitando os problemas que a sua deficiência pode provocar aos trabalhadores.
As lâmpadas fluorescentes devem ser substituídas, em
grupo, pois compota menores custos e beneficia conservação da instalação, ao
atingirem 60 a 75% da sua vida útil, uma vez que a sua fiabilidade decresce
rapidamente a partir desta altura.
Esta manutenção deve ser efetuada por pessoas
especializadas e fora do horário normal de serviço.
Fontes:
MIGUEL, A.
S. (2010). Manual de Higiene e Segurança
do Trabalho. Porto: Porto Editora. 11ª edição. Consultado em 26 de Maio de
2012
VEIGA, R.
(2009). Segurança, Higiene e Saúde no
Trabalho. Veriag-Dashofer. Consultado em 26 de Maio de 2012
Legislação
Nacional e Normas Internacionais anteriormente referidas
Documentos internos da empresa New Med