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terça-feira, 29 de maio de 2012

Avaliação de Iluminação nos Postos de Trabalho – Reflexão


Ao longo das auditorias que realizei, e nas quais fiz avaliações de iluminação, pude constatar que na maioria das vezes esta não se encontra dentro dos níveis convenientes às atividades realizadas, principalmente em escritórios, em cozinhas e em atividades que exigem a utilização de máquinas de corte e outras de trabalho de precisão. Mais uma vez, na maioria das medições inconformes, os níveis de iluminação encontram-se abaixo do recomendado, segundo as tabelas apresentadas na publicação anterior, constantes das normas internacionais referidas. Contudo, nalguns locais os níveis de iluminação encontram-se acima dos valores normativos, o que também pode ser prejudicial para a visão dos trabalhadores, tal como explicado.
Também a disposição dos ecrãs de visualização em relação às fontes de iluminação, tanto naturais como artificiais, são um problema em grande parte das empresas, uma vez que se encontram muitas vezes paralelos a estas fontes, o que origina encandeamento.  
No entanto, grande parte dos trabalhadores não se apercebe da influência de uma iluminação deficiente ou excessiva no desempenho das suas funções e das consequências que ela pode provocar, pois como sabemos ela pode originar diversas patologias. Também os empregadores descuram esta questão, não estando sensibilizados para esta problemática e muitas vezes não apresentam condições económicas para resolver o problema da forma mais eficaz e adequada.
Nestes casos, nós, como Técnicos Superiores de Higiene e Segurança no Trabalho, sensibilizamos os clientes para a importância deste aspeto no bem-estar e produtividade dos trabalhadores e propomos algumas medidas corretivas mais simples e menos dispendiosas, visto que a situação económica das empresas é cada vez mais complicada devido à conjuntura atual do nosso país.

No caso de iluminação insuficiente, as medidas por mim propostas são:
  • Manutenção periódica das luminárias, que passa pela sua limpeza e pela substituição das lâmpadas fundidas;
  • Colocação de mais lâmpadas ou substituição das existentes por outras de maior potência ou melhor rendimento luminoso;
  • Escolher a tonalidade de luz adequada à atividade, considerando a capacidade de restituição de cores da luz;
  • Adquirir candeeiros de mesa ou de pé de forma a reforçar a iluminação a nível local.

Quando a iluminação é excessiva, pode-se propor as seguintes medidas:
  • Retirar algumas lâmpadas das luminárias nos locais onde se verifica o excesso de luz para a atividade desenvolvida;
  • Substituir as lâmpadas existentes por outras de menor intensidade luminosa.

Quando se verifica encandeamento ou possibilidade de este existir deve-se:
  • Mudar a disposição das secretárias ou planos de trabalho de forma aos ecrãns de visualização ficarem perpendiculares às fontes de iluminação natural e eliminar os reflexos nos mesmos;
  • Mudar a disposição das fontes de iluminação artificial de modo a não incidirem nos planos ou nos ecrãns.

Posto isto, e para que exista um bom ambiente de trabalho em termos de luminosidade, deve atender-se aos seguintes aspetos:
  • A necessidade de ter em conta a iluminação aquando da conceção de espaços de trabalho, sendo esta fulcral para a criação de boas ou más condições de trabalho;
  • Nos casos em que uma avaria da iluminação artificial possa expor os trabalhadores a riscos, deve existir iluminação alternativa de intensidade suficiente;
  • A iluminação artificial não deve provocar fadiga visual nem afetar a visão de uma forma geral;
  • O nível de iluminação a obter deve ser adequado ao tipo de atividade, à duração do trabalho e à idade dos trabalhadores;
  • As atividades mais minuciosas e/ou mais demoradas exigem maiores níveis de iluminação.

Nesta área da Higiene e Segurança no Trabalho, adquiri uma grande experiência pois foram bastantes as avaliações de iluminação que efetuei. A minha principal aprendizagem foi no manuseamento do Luxímetro, aparelho com o qual nunca tinha trabalhado, e na legislação e normas relativas à iluminação nos postos de trabalho, que eram um pouco desconhecidas para mim, apesar de saber os conceitos e necessidades nelas descritos.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Iluminação nos Postos de Trabalho


Os olhos, órgãos que nos concedem o sentido da visão, desempenham um papel fulcral no controlo das atividades e movimentos realizados pelo Homem. Assim, uma iluminação adequada é uma condição indispensável para a obtenção e manutenção de um bom ambiente laboral. Desta forma, da não verificação das condições ideais de iluminação resultam consequências, nomeadamente:
  •          Danos visuais;
  •          Tensões psicológicas ou físicas;
  •          Mau relacionamento pessoal e hierárquico;
  •          Menor produtividade;
  •          Maior risco de acidentes de trabalho.   


Como tal, a iluminação no local de trabalho deve ser considerada como um risco que, consoante as características dos locais e as circunstâncias, pode ser muito perigoso. Assim, a iluminação é um dos fatores que um Técnico de Higiene e Segurança no Trabalho pretende controlar, de modo a proporcionar ao trabalhador um bom ambiente laboral, que não coloque em risco a sua saúde, segurança e produtividade. Para tal, é necessário proporcionar conforto visual ao trabalhador, que pode ser definido como a existência de um conjunto de condições, num determinado ambiente, no qual o ser humano pode desenvolver as suas tarefas visuais com o máximo de acuidade e precisão visual.
A melhor iluminação é sem dúvida a proporcionada pela luz natural. Contudo, nem sempre é possível garantir o seu uso exclusivo, pelo que é necessário complementá-la com luz artificial que garanta condições idênticas de segurança e saúde, tal como é referido no Artigo 14º do Decreto-Lei nº243/86 de 20 de Agosto.  

A má iluminação provoca reflexos nos planos de trabalho, prejudicando o desempenho das tarefas e originando mal-estar físico, nomeadamente, cefaleias, sonolência, prejudica o sistema nervoso, concorre para a má qualidade do trabalho, e como referi anteriormente, é responsável por razoável parcela dos acidentes.
Quando se fala de iluminação, no que respeita a Higiene e Segurança no Trabalho, não nos estamos a referir à iluminação em geral, mas à quantidade de luz no ponto focal do plano de trabalho.
Os padrões de iluminação são estabelecidos de acordo com o tipo de tarefa visual que o trabalhador deve executar: quanto maior a concentração visual em detalhes e minúcias, tanto mais necessária a luminosidade no ponto focal de trabalho, devendo possuir os seguintes requisitos:
·         Ser suficiente: de forma a que cada foco luminoso forneça a quantidade de luz necessária a cada tipo de trabalho.(A partir de um determinado valor do nível de iluminação – valor ótimo -, deixa de ser vantajoso o aumento da iluminação, pois a mesma passa a ser excessiva e provoca efeitos adversos no trabalhador).
·         Manter-se constante e uniformemente distribuída: de modo a evitar a fadiga ocular, decorrente das sucessivas acomodações em virtude das variações da intensidade da luz.

A qualidade da iluminação artificial dependerá, então, de diversos aspetos, fundamentalmente:
  •          Da sua adequação ao tipo de atividade prevista;
  •         Da limitação do encandeamento;
  •          Da distribuição conveniente das lâmpadas;
  •          Da harmonização da cor da luz com as cores predominantes do local.


Parâmetros da Iluminação

Fluxo luminoso ou Potência luminosa – É a quantidade total de luz emitida por uma fonte luminosa numa unidade de tempo (t), em todas as direções, medida logo à saída da fonte. A unidade de medida é o lúmen (lm). O fluxo luminoso é um dado habitualmente fornecido pelos fabricantes das lâmpadas e aparelhos de iluminação.

Iluminância ou Nível de iluminação – É a medida do fluxo emitido numa determinada direção por unidade de superfície. É medida por um aparelho designado luxímetro, constituído por uma célula fotoeléctrica, sendo a unidade de medida o lux (lx). Este é o conceito que os Técnicos de Higiene e Segurança no Trabalho utilizam para adequarem o nível de iluminação com a atividade realizada num determinado espaço, permitindo determinar a concentração de fluxo luminoso pelo plano de trabalho onde o trabalhador realiza as tarefas. O seu valor depende da potência luminosa da fonte de iluminação, mas também da distância a que se encontra do plano de trabalho e do ângulo que faz com o mesmo.

Luminância ou  Brilho de uma superfície – É a medida do fluxo emitido, transferido ou refletido pela superfície e objetos onde incide, atingindo os olhos do trabalhador. A unidade de medida é candela/m2 e mede-se com o luminancímentro.

Iluminação adequada - Iluminância

O nível de iluminação ou iluminância, conceito já referido anteriormente, deve variar de acordo com a atividade desenvolvida, ou seja, para cada tarefa realizada num posto de trabalho, existe um nível de iluminação mais apropriado, definido em função do tipo de tarefa e do seu grau de exigência visual. Isto é, o nível de iluminação deve ser proporcional ao nível de esforço visual exigido ao trabalhador para a execução da tarefa.
Neste contexto, torna-se também importante referir que a nossa acuidade visual altera-se ao longo da vida, tornando-se cada vez mais diminuta, principalmente a partir dos 40 anos.
Os valores de referência utilizados para definirmos o nível de iluminação adequado a cada atividade constam de normas internacionais, nomeadamente a Norma DIN 5035-2:1990 e a Norma ISO 8995:2002. Nos seguintes quadros podemos encontrar alguns exemplos:

Quadro I – Iluminâncias recomendadas de acordo com o esforço visual exigido pela tarefa (FONTE: Miguel, A. S., 2007).

Quadro II – Iluminâncias e exemplos de atividades a que se aplicam (FONTE: Norma DIN 5035-2:1990).

Quadro III – Iluminâncias e atividades a que se aplicam (FONTE: Norma DIN 5035-2:1990).

Quadro IV – Finalidade do espaço e iluminâncias correspondentes (FONTE: Norma DIN 5035-2:1990).


A não verificação dos valores recomendados, tanto abaixo como acima destes, dará origem à recomendação por parte dos Técnicos de Higiene e Segurança no Trabalho de medidas corretivas, que mais à frente serão referenciadas.

Contrastes e Encandeamento – Disposição da luz

Para além do nível de iluminação adequado, para o desempenho correto das tarefas é também necessário obter um contraste adequado proporcionado pelo tipo de iluminação, devendo este permitir a distinção dos objetos, mas garantir o conforto visual. Se o contraste for demasiadamente acentuado, devido a uma distribuição pouco uniforme da luminosidade no campo de visão, pode originar encandeamento. Assim, de forma a eliminar o encandeamento e proporcionar um contraste aceitável, devem ser evitados: tampos de mesa refletores, paredes brancas com pavimentos escuros, tábuas pretas em paredes brancas, elementos de máquinas polidos. Também as janelas devem estar providas de persianas ajustáveis ou cortinas translúcidas de forma a evitar um contraste excessivo quando existe sol intenso. Para além de todos estes fatores, uma correta distribuição das fontes de luz artificial no interior das instalações de trabalho é fundamental para a prevenção do encandeamento.
Assim, a distribuição das luminárias deve ser da seguinte forma:


Figura 1 – O ângulo entre a horizontal e a linha que vai do olho à lâmpada deve ser superior a 30º. A reflexão de duas lâmpadas, colocadas lateralmente, não atinge o campo de visão, evitando o encandeamento. A luz não incide no tampo da mesa, não sendo refletida para os olhos do trabalhador.

Luminárias, Lâmpadas e sua Manutenção

As luminárias são dispositivos que têm como funções distribuir, filtrar ou transformar a luz proveniente das lâmpadas, e incluem os componentes necessários para fixar e proteger estas e para as ligar à fonte de energia.
Estas podem ser classificadas de diferentes formas, consoante a forma como distribuem a luz pelo espaço:
  • Diretas – O fluxo luminoso incide sobre o plano de trabalho, de forma a produzir a menor dispersão possível, permitindo o máximo aproveitamento da energia consumida. No entanto, este tipo de luminária origina zonas muito iluminadas e zonas de sombra nas suas imediações, podendo provocar encandeamento.
  • Indiretas – Proporcionam uma iluminação agradável sem encandeamento, sendo esta obtida pela reflexão total da luz nas paredes e no teto. Deste modo, é necessária uma boa conservação e manutenção da pintura com cores claras.
  • Semi-diretas, difusas e semi-indiretas - Estas não proporcionam a iluminação total do espaço, encontrando-se um combinação da luz emitida pelas lâmpadas com a luz que é refletida pelas paredes, teto e/ou equipamentos.


Também as lâmpadas podem ser de vários tipos, nomeadamente:
  • Lâmpadas de incandescência – Apresentam um rendimento luminoso baixo e uma vida útil relativamente curta, mas a sua instalação e manutenção é fácil e são pouco onerosas.
  • Lâmpadas fluorescentes – Apresentam um rendimento luminoso e uma vida útil maiores que os das anteriores. Contudo, isto é condicionado pelo número de arranques.
  • Outros tipos – Existem também lâmpadas de vapor de mercúrio (de alta pressão) e de vapor de sódio (de alta e baixa pressão), sendo também o seu rendimento superior ao das lâmpadas incandescentes. Atualmente, existem as lâmpadas de halogéneo, que mantém o fluxo luminoso praticamente constante ao longo da sua vida útil. No entanto, estas emitem uma energia bastante superior à das outras lâmpadas, podendo provocar danos nos olhos e na pele, devido à radiação ultravioleta que emitem, sendo por isso desaconselhado utilizar este tipo de lâmpadas em luminárias diretas, salvo se estas possuírem uma proteção adequada.


As luminárias e as lâmpadas devem ser alvo de manutenção cuidada e periódica, cuidadosamente planeada, tanto por razões de ordem técnica como económica.
O primeiro procedimento a ter é a limpeza das luminárias, de forma a que o rendimento das lâmpadas não seja afetado pela acumulação de sujidade, bem como verificar o estado de conservação das paredes e tetos. Os custos destas manutenções são compensados pela qualidade da iluminação, evitando os problemas que a sua deficiência pode provocar aos trabalhadores.
As lâmpadas fluorescentes devem ser substituídas, em grupo, pois compota menores custos e beneficia conservação da instalação, ao atingirem 60 a 75% da sua vida útil, uma vez que a sua fiabilidade decresce rapidamente a partir desta altura.
Esta manutenção deve ser efetuada por pessoas especializadas e fora do horário normal de serviço.

Fontes:
MIGUEL, A. S. (2010). Manual de Higiene e Segurança do Trabalho. Porto: Porto Editora. 11ª edição. Consultado em 26 de Maio de 2012
VEIGA, R. (2009). Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho. Veriag-Dashofer. Consultado em 26 de Maio de 2012
4Work – Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho. (2010). Iluminação no Local de Trabalho. Consultado em 26 de Maio de 2012. Disponível em http://www.4work.pt/cms/index.php?id=98&no_cache=1&tx_ttnews%5Btt_news%5D=75&tx_ttnews%5BbackPid%5D=100&cHash=832981e441
Legislação Nacional e Normas Internacionais anteriormente referidas
Documentos internos da empresa New Med

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Conforto Térmico – Temperatura e Humidade Relativa do Ar


Depois de um longo período de ausência na atualização do meu blogue, devido ao grande volume de trabalho na empresa e aos dias de grande alegria que foram o Baile de Finalistas e a Benção das Pastas, e todos os preparativos que envolveram, entre outras coisas menos boas na minha vida que têm acontecido, estou de volta para conseguir dar-vos toda a informação que tem vindo a ser deixada um pouco “de lado” e que é essencial para entenderem o meu percurso pelo mundo da segurança e higiene no trabalho.  

A preocupação do homem em relação ao seu bem-estar e conforto é diretamente proporcional à evolução da humanidade, ou seja, quanto mais evoluídas as sociedades, mais as pessoas se tornam exigentes em relação ao seu conforto. Assim, existem algumas restrições que são essenciais para a manutenção deste bem-estar no que diz respeito às condições ambientais:
  • A temperatura e a humidade dos locais de trabalho devem, portanto, ser adequadas ao organismo humano, tendo em consideração os métodos de trabalho e os condicionalismos físicos impostos aos trabalhadores;
  • As janelas, as claraboias e as paredes envidraçadas não devem permitir uma excessiva exposição ao sol, tendo em conta o tipo de trabalho e a natureza do local de trabalho;
  • Sempre que necessário, devem ser colocados resguardos para proteger os trabalhadores contra radiações intensas de calor, provocadas por tubagens, radiadores, sistemas de aquecimento ou quaisquer outras formas nocivas de calor.  

“A zona de conforto representa aquele ponto no qual a pessoa necessita de consumir a menor quantidade de energia para se adaptar ao ambiente circunstante”. (Olygay, 1973)

O ambiente térmico pode ser definido como o conjunto das variáveis térmicas do ambiente em que o individuo se encontra que influenciam o seu organismo, sendo assim um fator importante que intervém, de forma direta ou indireta, na saúde e bem-estar do mesmo, e no caso dos trabalhadores, na realização das tarefas que lhe estão atribuídas.
Assim, o conforto térmico pode ser definido pela sensação que reflete o estado de espírito em que o individuo expressa satisfação e bem-estar em relação ao ambiente térmico, que depende sobretudo de três fatores que envolvem o indivíduo: temperatura, humidade e velocidade do ar. No entanto, existem outros parâmetros que influenciam o equilíbrio da temperatura corpórea, nomeadamente a temperatura à superfície dos elementos no local envolvente, e outros que dependem do próprio individuo, o seu metabolismo, a temperatura da pela e a roupa que usa. A temperatura do ar afeta a perda de calor por parte do corpo humano por convecção e evaporação. A humidade relativa corresponde à proporção de água que o ar contém, perante a temperatura e pressão presentes, e o volume máximo de humidade que poderia conter. Existindo um grau de evaporação superior ou inferior, este interfere com a perda de calor corporal. Exceto em situações extremas, a influência da humidade relativa sobre a sensação de conforto térmico é diminuta.
Este bem-estar trata-se do equilíbrio entre o calor produzido pelo corpo com o calor que perde para o ambiente que o envolve.

O homem é um animal homeotérmico, de sangue quente que, para sobreviver, necessita de manter a temperatura interna do corpo dentro de limites muito estreitos, a uma temperatura constante de 37ºC, obrigando a uma procura constante de equilíbrio térmico entre o interior e o meio envolvente, podendo um desvio em relação a este valor dar origem à morte. Esta homeotermia é assegurada sempre que o fluxo de calor produzido pelo organismo for igual ao fluxo de calor cedido ao ambiente. O calor gerado no organismo tem de ser cedido, em cada instante, ao ambiente, de modo a que a temperatura se mantenha constante.   
É exatamente à perceção psicológica desse equilíbrio que se pode chamar de conforto térmico, que é definido pela Norma ISO 7730 como um estado de espírito que expressa satisfação com o ambiente que envolve uma pessoa, ou seja, nem quente nem frio, um ambiente neutro.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a temperatura dos locais de trabalho devem, na medida do possível, oscilar entre 18ºC e 22ºC, salvo em determinadas condições climatéricas, em que poderá atingir os 25ºC. Relativamente à humidade da atmosfera de trabalho, esta deve oscilar entre 50 e 70%.

Em todos os clientes, é necessário fazer um levantamento das condições de conforto térmico existentes nas instalações, pois este é um dos principais fatores que influenciam o conforto dos trabalhadores no seu posto de trabalho. Para tal, é utilizado um aparelho que tem acoplada uma sonda, o Anemómetro.
O Anemómetro utilizado na New Med é da marca TSI Velocicalc Multi-Function Ventilation Meter 9555. Este é um equipamento portátil multifunções, de medição da qualidade do ar interior e das condições de ambiente térmico. O equipamento foi projetado para funcionar com uma ampla gama de sondas que permitem fazer várias medições apenas conectando ao aparelho uma sonda diferente, cada uma com características e funções mais adequadas para determinada aplicação. Com as sondas opcionais, as medições incluem velocidade do ar, temperatura, humidade, pressão Monóxido de Carbono (CO) e Dióxido de Carbono (CO2). Os cálculos incluem fluxo de ar, fluxo e calor, turbulência, globo húmido e temperatura de ponto de orvalho.
Na empresa, usamos este equipamento com a sonda que permite medir a velocidade do ar, a temperatura e a humidade relativa, fazendo habitualmente um levantamento dos dois últimos parâmetros de forma a podermos comparar os valores recolhidos com os valores paramétricos aconselhados e anteriormente referidos.
Se estes estiverem fora dos intervalos referidos, devem ser propostas medidas corretivas, de modo a garantir o conforto térmico e a produtividade dos trabalhadores, como por exemplo uma correta ventilação dos espaços, recorrendo a ventilação natural sempre que se verifiquem valores de temperatura acima do limite, ou a equipamentos de climatização para controlo da temperatura e da humidade. No entanto, em todos os locais onde fiz estas medições nunca se verificaram valores fora dos limites recomendados.
Em certos casos, dependendo da atividade, é necessária uma avaliação mais detalhada do ambiente térmico do local de trabalho, que não tive a oportunidade de realizar durante o estágio, exatamente pelo motivo que referi anteriormente e tamém porque este é um serviço mais dispendioso que a maioria das empresas não adquire. 


Figura 1 – Anemómetro digital VelociCalc com sonda de medição de velocidade, temperatura e humidade do ar.

Desde o início do meu estágio na New Med que trabalhei com este equipamento, no entanto, numa das primeiras auditorias, mesmo seguindo todos os procedimentos de manuseamento correto do aparelho, a proteção que envolve a sonda saiu e, com um leve toque com o dedo, quebrei a frágil sonda. A partir desta altura, não pude realizar mais estas medições devido à falta do equipamento.
Quando me apercebi do que tinha acontecido fiquei muito preocupada, visto que este é um equipamento relativamente oneroso, no entanto, recebi todo o apoio dos membros da empresa e da escola, e percebi que estes acidentes podem acontecer mesmo tomando todas as precauções para os evitar. Mas, só se aprende manuseando os equipamentos, pelo que é um risco necessário.  

Fontes:
DRYVIT. (2007). Conforto Térmico. Consultado em 20 de Maio de 2012. Disponível em http://www.dryvit.pt/confortotermico.htm
EHS Portugal. Ambiente Térmico; Conforto Térmico. Consultado em 20 de Maio de 2012. Disponível em http://www.ehsportugal.com/temas.php?cat=1&scat=71
OLIGAY. (1973). Conforto Térmico – O que significa e qual a sua importância. Consultado em 20 de Maio de 2012. Disponível em http://www.jrrio.com.br/construcao-sustentavel/pb-conforto-termico.html
TSI. VELOCICALC Multi-Function Ventilation Meter 9555 – Product Details. Consultado em 20 de Maio de 2012. Disponível em http://www.tsi.com/velocicalc-multi-function-ventilation-meter-9555/
VIEGAS, J. C. Ventilação natural em edifícios de habitação. Laboratório Nacional de Engenharia Civil. Consultado em 7 de Junho de 2011. Disponível em

quinta-feira, 3 de maio de 2012

O que verificar e como numa auditoria de HST?


Quando vamos realizar uma auditoria de Higiene e Segurança no Trabalho é indispensável ter na nossa posse os equipamentos de medição necessários para a atividade praticada no estabelecimento, habitualmente o Anemómetro, para fazer o levantamento da temperatura e humidade do ar, e o Luxímetro, para fazer o levantamento dos níveis de iluminação nos postos de trabalho, e conforme o estabelecido no contrato com o cliente, o Dosímetro, que permite efetuar medições individuais de ruído ocupacional, o Sonómetro, que permite efecuar medições do ruído ambiente nos postos de trabalho, o medidor de microclima (Thermal Microclimate), que possibilita estudar, medir e controlar o microclima de laboração, a Bomba de Gases, que permite medir as concentrações dos gases prejudiciais à saúde nos locais de trabalho, e também uma máquina fotográfica para registar as inconformidades detetadas e uma ficha técnica de verificação, comummente designada por checklist.

Até ao momento, só tive oportunidade de utilizar o Anemómetro e o Luxímetro. Nas próximas publicações irei falar sobre as condições de Ambiente Térmico e Iluminação adequadas aos locais de trabalho, pelo que nessa altura explicarei mais pormenorizadamente em que consistem estes equipamentos e a suas funcionalidades.

Inicialmente é de extrema importância explicar o que é uma checklist e quais os parâmetros que ela contempla, uma vez que é o nosso principal instrumento de trabalho, embora muitos técnicos prefiram não a utilizar pois, por vezes, pode tornar-se confusa e fazer-nos perder algum tempo com o que chamamos “andar para trás e para a frente” de modo a encontrarmos os aspetos que queremos verificar.
Deste modo, uma checklist é uma lista de verificação que pode ser geral ou variar consoante a atividade na qual é utilizada. Esta consiste numa síntese dos itens a serem observados durante a auditoria, evitando esquecimentos e falhas, pelo que constitui um método muito simples de trabalho que pode ser utilizado por qualquer pessoa.
Na New-Med estamos a utilizar uma checklist de carácter geral, ou seja, aplicada a todos os ramos de atividade. Esta comtempla os seguintes itens:

  • Identificação e descrição do estabelecimento
  • Infra-estruturas
  • Equipamento Elétrico
  • Instalações Sanitárias / Vestiários / Balneários
  • Produtos químicos
  • Vias de circulação de emergência
  • Medidas de auto proteção
  • Meios de deteção e combate a incêndio
  • Primeiros Socorros
  • Armazenagem
  • Condições atmosféricas
  • Ruído e Vibrações
  • Equipamento de proteção individual
  • Máquinas e Equipamentos
  • Formação
  • Verificação de Acidentes de Trabalho
  • Observações

Dentro destes itens estão contempladas todas as exigências previstas na legislação de tipo, quantidade, sinalização, materiais, registos, estado de conservação.

No que respeita ao ambiente térmico e à iluminação, utilizamos checklists separadas de forma a podermos fazer o levantamento dos valores por local ou posto de trabalho, com os diferentes equipamentos utilizados para o efeito, neste caso, o anemómetro e o luxímetro, e fazer uma avaliação mais detalhada.
Durante as auditorias, devemos sempre também fazer um levantamento fotográfico das inconformidades detetadas, de forma a ilustrar no relatório o que deve ser alvo de melhoria.

Pessoalmente, eu prefiro utilizar este meio exatamente para evitar esquecimentos, mas neste momento já não me atrapalho tanto como ao início, pois já conheço bem as checklists que utilizo e concordo com a sua organização, e também já sei quais os parâmetros que tenho de verificar.
No entanto, penso que para certo tipo de estabelecimentos, como indústrias, as checklists deveriam ser específicas uma vez que com a geral não se consegue avaliar corretamente as condições de segurança do local e, principalmente, das máquinas e equipamentos de trabalho. 


Espero poder brevemente colocar mais informação no blogue!


Até Breve!